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Importações do Brasil mais do que duplicaram

O saldo da balança comercial entre Portugal e o Brasil tem estado progressivamente negativo, muito por “culpa” dos combustíveis.

PATRÍCIA NAVES patricianaves@negocios.pt

Abalança comercial entre Portugal e Brasil está significativamente negativa, uma tendência que se tem vindo a agravar. De acordo com dados oficiais, partilhados com o Negócios pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), as exportações de Portugal para o Brasil têm vindo a decrescer desde 2017, enquanto as importações mais do que duplicaram entre esse ano e 2021.

Os dados do INE, mostram que, se em 2017 Portugal exportava 944 milhões de euros para o Brasil, em 2021 este valor era de apenas 707 milhões de euros. Já as importações passaram de 1.220 milhões de euros em 2017 para 2.549 milhões de euros em 2021, uma subida de mais do dobro. Foi desde 2020 (início da pandemia) que se deu o salto maior: de 1.602 para 2.549 milhões.

O saldo da balança comercial encontrava-se, assim, no final do ano passado, muito negativo, nos -1.842 milhões de euros.

E nos primeiros meses deste ano, a situação ainda mais se agravou: apesar de as exportações registarem uma ligeira subida para os 490 milhões de euros, as importações de produtos do Brasil subiram de 1.463 para 2.902 milhões de euros – e o saldo da balança já estava negativo, no final de julho, em 2.412 milhões. As importações já superavam aliás, até julho deste ano, o total do ano passado.

2.549 IMPORTAÇÕES O valor dos produtos importados do Brasil atingiu os 2.549 milhões de euros em 2021, mais do dobro do que há cinco anos.

O poder dos combustíveis

Os números são, em parte, explicados com a atual conjuntura internacional. Em abril, a Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil dava conta que as exportações para Portugal tinham aumentado 75% só nos dois primeiros meses deste ano, em comparação com o período homólogo, para os 503 milhões de euros. Na ocasião, Arlindo Varela, conselheiro da Câmara Portuguesa do Rio de Janeiro, explicava à Lusa este crescimento com as vendas de petróleo, tal como já tem acontecido em anteriores dados de estatísticas oficiais sobre exportações do Brasil para Portugal.

“É o petróleo que prevalece na balança comercial. Nós exportamos pelos portos do Rio de Janeiro e pelo porto de Santos, mas é na Bacia de Campos que ele mais predomina”, afirmava. O produto mais exportado do Brasil para Portugal naqueles dois meses eram os combustíveis (357 milhões de euros, mais 87% do que no mesmo período de 2021, seguidos de ferro e aço (+99,8%), madeira, carvão vegetal e obras de madeira, arroz e estanho.

Os dados do INE confirmam o papel preponderante do petróleo: no final de 2021, os combustíveis minerais correspondiam a 61,3% das compras feitas ao Brasil pelo nosso país, num total de 1.563 milhões de euros. Uma variação de 75% num só ano. A subida ainda se agudizou no início de 2022, com um aumento homólogo até julho de 82,5% para os 1.730,7 milhões. Produtos agrícolas, materiais e cortiças, metais comuns e produtos alimentares seguiam-se na lista, com destaque para os metais comuns que têm tido um crescimento exponencial.

Do lado das exportações, produtos agrícolas, alimentares, veículos e transportes, máquinas e aparelhos foram os mais procurados no Brasil. Dentro dos produtos agrícolas, destacam-se o azeite e o vinho.

PRIMEIRA LINHA

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2022-09-30T07:00:00.0000000Z

2022-09-30T07:00:00.0000000Z

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