O senhor Presidente da República foi à Circulatura do Quadrado dizer que está muito preocupado com a situação política. Com o estado da oposição, com a governação, com a aplicação dos dinheiros da bazuca, com a crise social, com a pobreza…

Marcelo disse aquilo que nunca tinha dito até hoje. A forma como falou do estado da oposição (quase traçou um guião para Rui Rio seguir) e da qualidade da governação impressiona porque se percebeu que está “em pânico”.

O Presidente tem razões para estar preocupado? Tem. E muitas. O Governo deteriorou-se significativamente e o país está à deriva. Por outro lado, a oposição continua inexistente. E, pior do que isso, o líder do PSD não parece perceber onde está o problema. Ainda ontem dizia que não há falta de oposição...

Há duas reflexões que as palavras de Marcelo suscitam. A primeira é que o Presidente tem muita responsabilidade no estado em que o país está. Esteve sempre de acordo com a atual fórmula política que, juntando PS e partidos de extrema-esquerda, iria conduzir o país à estagnação (por ausência de reformas). A segunda é uma pergunta: Marcelo não devia ter falado mais cedo? Há quanto tempo o Presidente anda a ser alertado pelos analisas para as consequências da sua “colagem” ao Governo? Só agora descobriu que o PRR não serve? Só agora percebeu que o país já vive uma crise social e que a pobreza aumentou?

Marcelo está a mostrar que não era presidente para esta fase que o país está a viver. Ao Presidente exigia-se que nunca se tivesse colado ao Governo como uma lapa e que alertasse o país mais cedo para o beco sem saída em que já está. Suspeito de que a História não vai ser simpática para com ele.

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