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Sir Barnett Cocks

UM PAÍS PARALISADO

Não me lembro, à excepção do antigamente, de um tempo tão insípido em matéria política como este que atravessamos. Dei comigo a seguir o debate sobre o estado da nação, que decorreu no Parlamento, e a pensar que temos um Governo que só pensa em manter o poder a qualquer custo, de preferência sem nada construir, e uma oposição que desistiu de o conquistar e é efectivamente inexistente. Daqui a uns anos veremos como António Costa imobilizou o país com o único objectivo de manter o poder para si e para os seus, e como Rui Rio foi pernicioso, comportando-se como um aliado objectivo do imobilismo atávico do Partido Socialista, não tendo pejo em tornar o PSD cúmplice da ausência de estratégia para o desenvolvimento do país.

O espectáculo dado também por estes dias no Parlamento, a propósito do relatório sobre o Novo Banco ou das manobras do PS para impedir a audição do ministro Cabrita, foi mais um dos momentos lamentáveis que só servem para desacreditar a política. Não posso deixar de estar de acordo com a deputada Mariana Mortágua quando, a propósito do Novo Banco, ela acusou o PS de não suportar ser criticado. Vivemos num país onde se instalou um clima politicamente pantanoso baseado numa geringonça cada vez mais desarticulada, num país onde o Governo não quer mudar nada e fazer o menos possível, com um Executivo economicamente sem ambição, que nos pôs na cauda da Europa, ultrapassados pelos países de leste numa série de indicadores. Temos uma ausência de protagonistas com energia e competência para provocar uma mudança, não há oposição à vista capaz de criar uma alternativa a este regime de degradação económica, social e política. Vivemos ao sabor das necessidades conjunturais, condicionados por calendários eleitorais e manobras de bastidores.

Há 150 anos, Antero de Quental apontou de forma certeira o que caracterizava a nossa decadência e, infelizmente, continua certo no essencial do diagnóstico, adaptado a estes tempos que vivemos: condicionamento da inovação e de reformas do Estado, forte concentração de poder e limitado controlo desse poder, economia com fraco desenvolvimento industrial e reduzido estímulo ao empreendedorismo.

TEMPOS MODERNOS

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2021-07-30T07:00:00.0000000Z

2021-07-30T07:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/281870121476420

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