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Fazer “match” em pandemia

Mais vídeos, serviços e novas ferramentas de pesquisa. A pandemia acentuou a solidão e alterou os comportamentos – e as apps de encontros mostram-se atentas às novas tendências. Plataformas como o Tinder, o Match, o Bumble ou a portuguesa Felizes.pt passam a incluir uma opção para quem está vacinado contra a covid-19.

Seria inimaginável em 2019, mas não é surpreendente em 2021. Ter ou não tomado a vacina contra a covid-19 tornou-se uma informação pessoal, que pode ser determinante não só para quem viaja, mas também para quem procura conhecer pessoas online. Em maio, o Match Group, detentor das marcas Tinder, Match, Okcupid e Hinge, lançou no mercado norte-americano a possibilidade de “colar” na fotografia de perfil um “crachá” a identificar as pessoas vacinadas, dando-lhes acesso livre a alguns serviços pagos. No Reino Unido, as autoridades de saúde anunciaram em junho uma campanha semelhante, que incluiu também o Bumble. E também por cá a plataforma portuguesa Felizes.pt já fez saber que a vacinação passará a poder constar da informação de perfil, tornando-se um possível critério de pesquisa. O tema está na ordem do dia, mas as opções relacionadas com a vacinação estão longe de ser as únicas mudanças anunciadas. A covid-19 acentuou a solidão, veio alterar os mecanismos de interação offline ou online e as apps de encontros seguem atentas às novas tendências. A forma como as pessoas fazem “match” mudou, explicava recentemente Jim Lanzone, CEO do Tinder, à BBC online. O “match” deixou de ser apenas um empurrão para o encontro presencial, o tempo de conhecimento online prolongou-se e, para responder a essa nova realidade, a plataforma anunciou a aposta nos vídeos e em funcionalidades como a pesquisa por interesses pessoais. “Estamos a passar do desejo para uma maior autenticidade”, disse Lanzone, na mesma semana, à CNN.

“SLOW-DATING”

A justificar a mudança de atitude – a que não será alheia também a cada vez maior sofisticação da concorrência e fatores como o sucesso de apps de vídeo – surgem números revelados pelo próprio Tinder. A quantidade de mensagens trocadas em fevereiro de 2021 aumentou 19%, quando comparada com o período homólogo no pré-pandemia; as conversas tornaram-se 32% mais longas; e os “matchs” aumentaram 42%. Além disso, “metade dos utilizadores da Geração Z, nascidos entre 1997 e 2015, tiveram encontros por conversa de vídeo e um terço fez mais atividades virtuais em conjunto”, lê-se no artigo da BBC.

“Os dados gerais mostram que, durante a pandemia, não só o número de utilizadores de plataformas de ‘online dating’ aumentou, como estes se ligam mais vezes e passaram mais tempo online”, confirma Rita Sepúlveda, investigadora do CIES-ISCTE – Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (ESPP). “O negócio do ‘online dating’ parece assim (re)afirmar-se como um meio válido para conhecer pessoas, mas também para satisfazer um conjunto de outras necessidades, tais como socializar ou ter alguém com quem conversar, ter companhia ou entreter-se, no sentido de colmatar solidão e isolamento”, explica.

Autora de uma tese de doutoramento e de vários artigos relacionados com as plataformas de encontro, cita números da realida

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2021-07-30T07:00:00.0000000Z

2021-07-30T07:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/281844351672644

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