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Marcelo no comando

CELSO FILIPE Diretor adjunto cfilipe@negocios.pt

Aparticipação do Presidente da República no programa Circulatura do Quadrado, da TVI, permitiu perceber com bastante clareza a forma como avalia o atual quadro político. Por um lado, Marcelo Rebelo de Sousa está cada vez mais desconfortável com o Governo, por outro, não acredita que Rui Rio seja um líder com perfil para afirmar o PSD como alternativa ao PS.

Nesta sua prestação televisiva, Marcelo Rebelo de Sousa manifestou dúvidas sobre as prioridades estabelecidas no Programa de Recuperação e Resiliência, apontou ao Governo falta de visão estratégica e diz que António Costa tem de abandonar o discurso do “medo” e criar uma nova narrativa. Rui Rio também foi presenteado com um recado verbalmente cristalino : “Se quer ser alternativa, deve chamar a atenção para horizontes de médio e longo prazo e para a crise social.” Dito de outra forma, o Presidente da República está descontente, mas considera que o atual líder social-democrata tem manifestado incapacidade para se revelar como alternativa.

Partindo destes pressupostos, Marcelo Rebelo de Sousa considera-se como o único protagonista capaz de pressionar o

Governo de forma efetiva, através de uma dupla exigência, a da necessidade de mudanças, mas também da obrigatoriedade de aprovação do Orçamento do Estado para o próximo ano. Acresce que muitas das mudanças sugeridas não são do agrado dos partidos de esquerda, com os quais é suposto o Governo se entender para viabilizar o Orçamento, uma contradição que vulnerabiliza António Costa.

Na realidade, Marcelo Rebelo de Sousa mais não faz do que revalidar a tese de que os Presidentes da República, já não assombrados pelo fantasma da reeleição, são mais intervenientes no segundo mandato. Aliás, o chefe do Estado sente-se mesmo na obrigação de desempenhar esse papel, atendendo à tibieza do PSD, a qual tem também ajudado ao crescimento do Chega.

Marcelo, com a sua habitual sagacidade, elencou os temas que devem constituir prioridade na chamada rentrée política e no pós-autárquicas. Mas também deixou claro que os tempos de cumplicidade com Costa terminaram.

Marcelo está descontente com o Governo, mas não vê o atual PSD como alternativa.

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2021-07-30T07:00:00.0000000Z

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