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O País que não queremos ter

Fernanda Cachão Editora Correio Domingo

Orés do chão cheio de beliches no prédio que ardeu na Mouraria, em Lisboa, onde dormiam imigrantes em `cama quente' - esquema em que se paga para descansar algumas horas no colchão que vaga e assim sucessivamente -, mostra que os problemas da imigração em Portugal não estão confinados às estufas do Alentejo. Há demasiados jovens rapazes empilhados nos tugúrios da Lisboa antiga que escapou à especulação imobiliária, alojados em regime desumano de sobrelotação e subarrendamento. Há quanto tempo damos por eles? Quantos deles trabalham na economia paralela? Quantos deles estão legais e desse modo protegidos das redes de exploração de mão de obra? Como sobrevivem neste País que se orgulha ser também de emigrantes? Tanto o incêndio na Mouraria, que expôs um problema que

Lisboa finge não ter, como as agressões xenófobas a nepaleses em Olhão, são sintomas de um País que não queremos. Os fluxos de emigração da Ásia do Sul, que começaram mais significativamente há dez anos para trabalhos de baixa qualificação, acrescentaram mais uma camada de pobreza ao País e passam ao lado do escrutínio e da ajuda do Estado.

“Como sobrevivem neste País que se orgulha ser também de emigrantes?”

Opinião

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2023-02-07T08:00:00.0000000Z

2023-02-07T08:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/281522230243197

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