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Nobel para a autora que acredita na “força libertadora da escrita”

Da obra → A francesa Annie Ernaux, de 82 anos, foi escolhida pela Academia Sueca pela totalidade → É a 17ª mulher a ser distinguida com o Nobel da Literatura em 118 distinções

MIGUEL AZEVEDO estreou-se em livro em 1974 com ‘Les Armoires Vides’ e publicou, em 2008, aquela que é considerada a sua melhor obra, ‘Os Anos’

A“coragem e acuidade clínica” e a capacidade de pôr “a descoberto as raízes, alienações e constrangimentos coletivos da memória pessoal”, segundo a Academia Sueca, valeram a atribuição do Nobel da Literatura de 2022 à escritora francesa Annie Ernaux. Trata-se da 17ª mulher a ser distinguida com o galardão em mais de 118 distinções na história do mais importante galardão da literatura mundial (a última tinha sido a poeta americana Louise Gluck, em 2020).

Em reação, Annie Ernaux, de 82 anos, já fez saber, em entrevista à televisão sueca SVT, que é “uma grande responsabilidade” receber este prémio, e que ele é demonstração de uma forma de “verdade, de justiça em relação ao Mundo”. A autora, que não esteve contactável durante a manhã de ontem, ainda não sabia que tinha sido premiada no momento do anúncio.

Nascida a 1 de setembro de 1940, na pequena cidade de Yvetot, na Normandia, Annie Ernaux cresceu no seio de uma família de classe média. Os pais, donos de uma mercearia, sempre privilegiaram a educação da filha, tendo-a levado a formar-se em Letras Modernas nas universidades de Rouen e de Bordéus. A sua obra literária é principalmente autobiográfica, partindo daí para uma análise mais sociológica, sendo que a doença da mãe, o seu aborto ou o casamento foram alguns dos assuntos abordados na sua escrita. “Annie Ernaux acredita manifestamente na força libertadora da escrita. O seu trabalho é intransigente e escrito em linguagem simples e límpida”, explicou a Academia Sueca. Tendo-se estreado em livro, em 1974, com ‘Les Armoires Vides’, Ernaux publicou, em 2008, aquela que é considerada a sua melhor obra, ‘Os Anos’. Ernaux já havia sido distinguida com o Prémio de Língua Francesa (2008), o Prémio Marguerite Yourcenar (2017), o Formentor de las Letras (2019) e o Prince Pierre do Mónaco (2021).n

NASCEU EM 1940 NO SEIO DE UMA FAMÍLIA DE CLASSE MÉDIA. ESTUDOU LETRAS

CULTURA & ESPETÁCULOS

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2022-10-07T07:00:00.0000000Z

2022-10-07T07:00:00.0000000Z

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