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O vai-vem e-volta

Ovai-vem-e-volta de jornalistas entre as redações e os departamentos de comunicação dos clubes produz situações trágicas aos olhos dos paladinos da ética jornalística e, tal como não podia deixar de acontecer, produz situações grotescas aos olhos do público em geral que gosta de se divertir com estas peculiaridades do futebol português, esse curioso espaço sociológico desprovido das regras do mais elementar bom senso em matéria de qualificações e estatutos profissionais extradesportivos. Queridos leitores, não depreendem deste considerando a menor das aversões contra a mobilidade profissional e social que é um direito de todos consagrado na nossa Constituição. Era só o que faltava vir alguém proibir os jornalistas de mudar de profissão em qualquer momento das suas carreiras em função de outros desafios mais aliciantes por mais contrários que sejam à essência da profissão que deixaram para trás. Ética, imparcialidade, exercício do contraditório, etc.

A questão fundamental é, justamente, que esse trânsito não parece ser encarado como um “mudar de profissão”, como é, mas como uma espécie de comissão de serviço com a autorização sindical que permite um andar de lá para cá com aquela bonomia de quem, um dia, é funcionário de um órgão de comunicação social, no dia seguinte é funcionário da comunicação de um clube de futebol e, no dia seguinte, volta para o conforto mais modesto das redações dos jornais confundindo-se o público que, às tantas, deixa de saber se aquela pessoa que está no ecrã da televisão a debitar sentenças sobre matéria futeboleira é um jornalista-de-facto ou é um funcionário da comunicação de um qualquer emblema. Os exemplos são muitos, diversificados e nada exemplares.

Vem tudo isto a propósito do despacho do juiz Carlos Alexandre, no caso dos e-mails roubados ao Benfica. Como é do domínio público, vão ser levados a julgamento os cabecilhas do Porto Canal que “devassaram informação ilegalmente obtida, filtraram-na, reportaram-na, reorganizaram-na e montaram uma telenovela semanal sob capa de investigação jornalística, para destruírem a credibilidade do SL Benfica.” Entre os arguidos figura o nome de Júlio Magalhães que era, à época, elemento da comunicação do FC Porto e diretor do Porto Canal e que é hoje um dos rostos da informação

CNN/Barcarena, coisa fina, isenta e deveras impressionante.

Mas, mais impressionante para os espetadores da CNN/Barcarena seria verem e ouvirem Júlio Magalhães, jornalista-de-facto, a ler no teleponto a notícia sobre o outro Júlio Magalhães, o do Porto Canal acusado por um juiz de “três crimes de violação de correspondência agravados com três crimes de devassa da vida privada e a acusação particular de cinco crimes de ofensa a pessoa coletiva agravados”. E tudo isto sem se rir.n

O ex-treinador do FC Porto anunciou nas redes sociais a sua disponibilidade para concorrer às eleições de 2024 no Dragão. E tem uma vasta legião de apoiantes.n

BRAVO, DOUTOR!

Tornou-se o primeiro futebolista a conseguir o grau académico de doutoramento com uma tese aprovada por unanimidade na Universidade da Beira Interior. Bravo!n

OS EXEMPLOS SÃO MUITOS, DIVERSIFICADOS E NADA EXEMPLARES

A SAGA DAS SUSPENSÕES

Foi punido com uma suspensão de 10 meses por violação sistemática de uma outra suspensão de 135 dias por outra violação sistemática, etc… e assim vai o mundo.n

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2022-06-25T07:00:00.0000000Z

2022-06-25T07:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/283532274463839

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