Cofina

Um recuo de meio século

NOTA EDITORIAL

ALFREDO LEITE DIRETOR-ADJUNTO

ao povo e aos seus representantes eleitos”, decidiu o tribunal. O estado do Missouri, um dos mais conservadores, já garantiu que vai ser o primeiro a ilegalizar. O procurador-geral, Eric Schmitt, considerou ser este “um dia histórico”.

A partir da Casa Branca, Joe Biden garantiu que a “vida e a saúde de milhões de mulheres da nação estão em risco”. “As mulheres têm o direito de escolher o próprio destino e como vivem as suas vidas”, continuou. À porta do Supremo, em Washington, os dois lados da barricada fizeram-se ouvir.n

OSupremo dos EUA, país que se diz referência democrática e farol dos direitos civis, revogou o direito ao aborto, constitucionalmente garantido há 49 anos. Sem o tornar ilegal, atribui aos estados a responsabilidade de legislar sobre a interrupção da gravidez. A medida não é só um atropelo grosseiro à dignidade das mulheres. Ela arrisca abrir portas para que outros direitos possam ser colocados em causa como o fez agora o Supremo ultraconservador nomeado por Donald Trump. A decisão do tribunal implicará a proibição

MEDIDA DO SUPREMO DOS EUA É CONTRA A MAIORIA DOS NORTE-AMERICANOS

do aborto em 26 dos 50 estados americanos e afetará os territórios mais pobres da América. E, nestes, as mais prejudicadas serão as mulheres com menores recursos financeiros, que não poderão deslocar-se aos estados onde abortar continuará a ser legal.

A decisão do Supremo – que vai polarizar ainda mais a sociedade dos EUA - está longe de ser unânime. Pelo contrário. Uma sondagem do Centro de Estudos Pew refere que 61% dos inquiridos estão a favor do aborto enquanto 31% são contra. E a percentagem da população que apoia a legalidade do aborto cresce progressivamente desde 2009 pelo que a revogação do Supremo não é só um retrocesso civilizacional. É também uma medida contra a maioria dos americanos.n

ESPECIAL

pt-pt

2022-06-25T07:00:00.0000000Z

2022-06-25T07:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/282638921266271

Cofina