Cofina

Retrocesso

Rui Amaral

Até aos anos 80 do século passado, os profissionais da PSP beneficiavam de uma espécie de cabaz social. Viviam em bairros sociais da polícia. As compras eram feitas em cantinas da polícia e as férias eram passadas em colónias da polícia. Viviam numa bolha, segregados do resto da população e as consequências são mais do que conhecidas: uma polícia afastada da sociedade e que não era entendida como um serviço de proteção, mas de repressão.

O caminho trilhado foi difícil e obrigou a um comprometimento entre os polícias e a comunidade que

REGRESSO À ESMOLA E ÀS CAMARATAS SALAZARENTAS

servem. Ainda que com arestas a limar, os resultados não podiam ser mais satisfatórios e motivantes. As polícias deixaram de ser vistas como órgãos repressores e passaram a ocupar os lugares de topo nos índices de confiança.

E então, fica a pergunta: quando esta realidade ainda está bem presente na memória, como podemos nós, como pode a sociedade civil (perante a incapacidade dos sucessivos governos de operarem as reformas que urgem) compreender que o caminho agora escolhido seja o de retroceder à esmola e às camaratas salazarentas, voltando a afastar a polícia da sua comunidade?

“Mais do que máquinas precisamos de humanidade” (Charles Chaplin).n

PORTUGAL

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2022-06-25T07:00:00.0000000Z

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