João Rendeiro era visto como um líder na prisão de alta segurança de Westville e era chamado de “pai” pelos outros reclusos. Oferecia presentes aos amigos e ainda colocou a advogada, June Marks, a dar aconselhamento jurídico gratuito a outros presos. “O João fez amigos na cadeia. Eles gostavam dele e tratavam-no bem. Pediu-me para comprar presentes especiais para os amigos e ajudá-los”, contou ao CM June Marks.

Sem acesso às contas, o ex-banqueiro deixou de pagar à advogada. Era June Marks quem pagava as despesas pessoais do fundador do BPP, como comida extra, roupa, sapatos e outros bens. Rendeiro prometeu-lhe o reembolso dos empréstimos, mas depois mudou de ideias. Queria-lhe pagar apenas se fosse libertado. June não aceitou os termos de um acordo que considerava “ilegal”. “Ele pediu-me para violar as regras e isso eu não aceito. Ele queria que eu assumisse os seus riscos e eu não poderia fazer isso”, afirmou Marks. Esta foi uma das exigências que levou a advogada a abandonar o caso.

Detido desde dezembro, o ex-banqueiro alegou que recebeu ameaças de morte na cadeia e que o tentaram extorquir. Pediu várias vezes para ser transferido, mas sem sucesso. Conformou-se

e criou alianças. Em troca de cigarros, pagava por proteção. Rendeiro estava detido na ala dos presos preventivos da cadeia de Westville - um estabelecimento sobrelotado com mais de 10 mil reclusos. Partilhava

uma cela de 80 metros quadrados com 50 reclusos. Aproximou-se de imediato de presos moçambicanos, com quem falava em português. Não tinha visitas, à exceção da advogada, por vontade própria. Passava 16 horas por dia trancado na cela. Tinha duas refeições por dia, mas tinha acesso a comida de fora.

As circunstâncias da morte do ex-líder do BPP estão a ser investigadas. O caso em tribunal será formalmente encerrado na audiência de sexta-feira, onde será entregue o certificado de óbito do ex-banqueiro.n

RENDEIRO