Portugal enfrentou em outubro de 2020 o maior surto da Europa de legionela desse ano. A bactéria foi responsável pela morte de 15 dos 88 infetados nos concelhos de Matosinhos, Vila do Conde e Póvoa de Varzim. Apesar da dimensão, nunca foi conhecida a origem do foco, destaca o Centro Europeu para a Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), no relatório anual sobre a doença dos legionários, agora publicado.

A incapacidade das autoridades de saúde portuguesas para detetar a fonte das infeções revelou-se num ano em que se verificou um aumento expressivo dos casos

PNEUMONIA PROVOCADA POR BACTÉRIA MATA ATÉ 14% DOS INFETADOS

no País: no total foram 307, o que representa uma subida de 52,7% por comparação com os 201 diagnosticados em 2019.

A evolução da doença em Portugal fez-se em sentido inverso ao do resto da Europa. As autoridades europeias acreditam que a redução de quase três mil casos, verificada de um ano para o outro no conjunto dos países europeus, se explica com a aplicação de medidas de confinamento devido à Covid-19 e que evitaram a exposição das populações.

Sustenta o ECDC que, perante um novo foco, “é importante encontrar rapidamente a origem dos surtos e agir de imediato para remover a bactéria”. O protocolo terá, assim, falhado no Norte do País. O foco de grandes dimensões viria a ser considerado extinto pela Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte , em janeiro do último ano, não tendo sido identificada a entidade responsável.

A doença dos legionários atinge, sobretudo, adultos e idosos (habitualmente fumadores), doentes crónicos ou com o sistema imunitário debilitado. A pneumonia que resulta da infeção pela bactéria resulta na morte do doente em 5 a 14% dos casos.n