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OS 11 MAIORES CREDORES DA CAIXA AÇOREANA

A filial de Lisboa foi inaugurada com pompa, em 1986, e liquidada sem piedade, em 2015

Em 1986, a porta n.º 28 do Campo Grande era aberta como a filial lisboeta da Caixa Económica Açoreana (CEA), numa cerimónia a que não faltou o então presidente do Governo Regional, Mota Amaral; em

2015, aquele andar era o último ativo vendido para ressarcir os credores da instituição – encerrada, em 1995, por portaria do Ministério das Finanças.

Ao noticiar a alienação, o jornalista André Rito recordava, na revista ‘Sábado’, a 29 de outubro de 2015, como tinha sido o ambiente da data solene: “A cerimónia estava marcada para o fim da tarde de sexta-feira. Dias antes, jornalistas, empresários, representantes do Governo e da alta finança tinham recebido convites para uma inauguração de luxo: um copo-d’água que prometia discursos políticos, uma exposição de moedas e notas antigas.” O ‘Telejornal’ da RTP informava que “o próximo passo será a abertura de um balcão no Porto e o pedido de transformação [da CEA] em banco”.

A CEA foi constituída, em

1983, pela fusão de três instituições financeiras dos Açores: Caixa Económica Picoense, Caixa Económica da Praia da Vitória e Caixa Económica da Ribeira Grande. Mas, em janeiro de 1989, conforme se lê no ‘Dicionário de História Empresarial Portuguesa, Séculos XIX e XX – Instituições Bancárias’ (coord. M. Figueira de Faria e J. Amado Mendes; ed. Imprensa Nacional – Casa da Moeda), “foi acusada, pela Inspeção de Crédito do Banco de Portugal, de transgressão, espelhada na realização de operações bancárias fora dos trâmites legais que regem os estabelecimentos da sua natureza”.

Mas, naquele curto período de fama e de juros elevados (antes de se conhecerem as fraudes com fundos comunitários), tinha cativado os mais diversos depositantes. Logo que a primeira administração (Emanuel de Sousa, Gabriel de Sousa e Hermano Mota) foi substituída por outra, nomeada pelo Estado, percebeu-se que, em dezembro de 1988, os

11 maiores credores a reembolsar eram entidades de prestígio. E, de acordo com o artigo “O calendário da queda”, de Maria do Rosário Homem, publicado em ‘O Independente’, de 24 de agosto de

1990, esses clientes eram a Caixa Central de Crédito Agrícola, Instituto Nacional da Habitação, Santa Casa da Misericórdia, Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, EPAC (Empresa Pública de Abastecimento de Cereais), Tagol (Companhia de Oleaginosas do Tejo), Tabaqueira, Carris, IFADAP (Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas), IROMA (Instituto Regulador e Orientador dos Mercados Agrícolas) e Administração-Geral do Açúcar e do Álcool. Na altura, até parecia um banco atrativo.

FRAUDE NOS FUNDOS

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2021-10-17T07:00:00.0000000Z

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