Uma enfermeira do Serviço de Urgência do Hospital de Santo André, em Leiria, foi punida com uma pena disciplinar de multa, num valor que não foi revelado, pelo Conselho de Administração por ainda decorrer o prazo para impugnação da decisão. Em causa a morte de um homem de 42 anos, com um enfarte, após seis horas de espera para ser atendido, apesar de ter dificuldade em respirar e dores no peito, em maio de 2020.

Como revelou o CM na altura, o homem deslocou-se ao Serviço de Urgência do Hospital juntamente com o pai. Apresentava dificuldades respiratórias e dores no peito e, depois de se queixar, foi-lhe atribuída a pulseira amarela na triagem.

O doente ficou a aguardar a sua vez na sala de espera, onde acabou por morrer com um enfarte sem ser visto por um médico nem fazer qualquer exame de diagnóstico.

Quando o caso foi conhecido já o Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Leiria (CHL) tinha aberto um inquérito para apurar as circunstâncias em que ocorreu a morte. O inquérito concluiu “pela existência de prova indiciária no sentido da eventual responsabilização, designadamente disciplinar, de dois profissionais de saúde - a enfermeira multada e um médico - intervenientes na assistência ao utente”.

No entanto, só foi aberto processo disciplinar à enfermeira e aplicada a pena de multa, por o médico não ser funcionário do

MÉDICO ESCAPOU POR NÃO SER FUNCIONÁRIO. PODE SER PUNIDO PELA ORDEM

CHL. As conclusões do inquérito foram enviadas à Ordem dos Médicos e o clínico afastado “da prestação de serviços”. O Conselho Disciplina da Ordem dos Médicos disse ontem à Lusa que “o conhecimento do caso deu origem à instauração de um processo de averiguações”, que “se converteu em processo disciplinar” e ainda decorre. O Ministério Público abriu um inquérito criminal, ainda sem arguidos, por homicídio por negligência.n