FERNANDO PIRES,

ue regras devem mudar no futebol? Foi este o desafio que me foi lançado

como tema para escrever neste aniversário do ‘Correio da Manhã’. Lamento desapontá-lo caro leitor. Não sou suficiente estudioso do fenómeno para ter a certeza sobre o que devia mesmo mudar. Ainda que vá deixar duas ou três sugestões. Mas a principal que defendo é que o futebol não precisa de mais regras: apenas que as que existem sejam cumpridas.

Um dos problemas do desporto que aprendemos a amar é a relativa facilida- de com que as regras vi- gentes são deixadas cair por quem as devia fazer cumprir. Dos árbitros à UEFA, passando pela FIFA, essa organização que mais do que tutelar o futebol mundial, às vezes parece um gangue de malfeitores.

Se os árbitros alinhassem mais ou menos pelos mes- mos critérios. Se tivessem coragem para aplicar a mesma justiça a grandes e pequenos. Se resistissem à pequena e grande cor- rupção, aí sim, tenho a certeza de que o futebol seria um mundo melhor. E que as bancadas teriam mais gente porque todos seríamos capazes de acreditar no que se passa dentro do relvado.

Mas também nos gabinetes as regras são para cumprir. A mais dramática e injusta, a do ‘fair-play’ financeiro, só funciona para clubes mais pequenos como são os grandes portugueses.

Já se o clube se chamar Manchester City ou Paris Saint-Germain, aí então é mais ou menos tudo permitido. A não ser que um

As regras vigentes são deixadas cair por quem as devia fazer cumprir

‘football leaks’ divulgue coisas a que é mais difícil fechar os olhos. Mas, mesmo assim, a justiça tarda tal como o caracol numa tarde de sol.

Regras de futebol a mudar? Ter o tempo cronometrado para acabar com as estúpidas e irritantes perdas de tempo? Permitir reposições com o pé ou com a mão, dependendo de que a jogada propõe a equipa fazer? Criar mais um cartão ou juntar ao amarelo dois minutos de suspensão para quem dá a cacetada não se ficar a rir? Há tantas hipóteses…