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ALÔ “SER PORTUGUESA NOS EUA ERA UMA COISA EXÓTICA”

A série Morangos com Açúcar mudou-lhe vida, mas deixou as novelas para ir estudar nos EUA. Diz que é no teatro que se sente plena e agora vai estar em cena com a peça Pulmão. Ao fim de três anos, está preparada para voltar à televisão.

Por Sónia Bento

Aos 8 anos foi para uma escola de teatro e nunca mais ninguém lhe tirou da cabeça que ia ser atriz. Aos 17, Benedita Pereira foi escolhida para ser a protagonista da primeira série de Morangos com Açúcar, que obrigou a “betinha da Foz” a mudar-se do Porto para Lisboa. Convites para novelas não lhe faltaram, mas ela preferiu ir estudar Representação para Nova Iorque, onde esteve cerca de oito anos. Em 2020 foi mãe e agora está com a peça de teatro Pulmão, que estreia no Teatro Meridional, em Lisboa, no próximo dia 7. Mas confessa estar preparada para voltar à televisão.

QUINTA-FEIRA, 17 17H02 Olá Benedita. O que está a fazer?

Estou em casa, com um copo de leite na mão, meio bebido, do meu filho [Álvaro, de 2 anos e 9 meses]. Estava a ver uma mensagem com os teasers da peça que vou fazer quando atendi a sua chamada.

Que peça é essa?

Chama-se Pulmão, já estreou em Vila Real e vai estar em cena em Lisboa, no Teatro Meridional, de 7 a 18 de dezembro. É uma conversa entre um casal, eu e o [ator] Tomás Alves, que se inicia com uma pergunta dela muito focada: “Um bebé?” Depois seguem-se as questões sobre se ter um bebé faz sentido no mundo atual. É um tema superpertinente. Vi este espetáculo há cerca de três anos, em Londres, estava grávida e bateu-me de uma forma especial. Quando acabou, eu estava lavada em lágrimas e disse para quem foi comigo: “Quero fazer esta peça!”

O teatro é a sua praia?

É! Acho que é um lugar de aprendizagem e de partilha muito maior que a televisão ou o cinema, embora eu

Fui escolhida no casting para os Morangos [com Açúcar] sem saber ao que ia e sem conhecer ninguém. Fiquei extasiada

goste de fazer tudo. No teatro, temos mais tempo para partir pedra, o que na televisão não acontece, e no cinema o tempo é dinheiro, apesar de no teatro também não haver dinheiro.

Porque não faz mais novelas?

Gosto de ir fazendo… sou de me apaixonar pelas coisas. Uma novela é um compromisso longo e intenso, e já me aconteceu pensar que ia gostar e não gostei. Agora estou mais no teatro, que me ocupa menos tempo, o que nesta altura é bom por causa do meu filho.

Quando é que se mudou do Porto para Lisboa?

Tinha 17 anos. Eu já queria vir para cá, estudar no Conservatório, mas foi tudo de repente. Fui escolhida no casting para os Morangos [com Açúcar] sem saber ao que ia e sem conhecer ninguém. Os meus pais tinham um apartamento em Lisboa, na Expo, porque o meu pai, que é engenheiro civil, vinha cá muito.

Como foi a sua infância no Porto?

A minha mãe era bancária, mas deixou de trabalhar para se dedicar a nós. Eu tinha imensas atividades, do teatro à dança, passando pelo inglês e sei lá mais o quê, e ela andava sempre comigo de um lado para o outro. Sou a mais nova de três irmãos – a minha irmã tem 46 anos e trabalha com moda, e o meu irmão tem 42 e é engenheiro, como o meu pai.

Se não fosse atriz, o que teria sido?

Aos 8 anos, fui para a escola de teatro e nunca mais ninguém me tirou a ideia de ser atriz. Como era muito boa aluna, ainda me passou pela cabeça tirar Ciências da Comunicação. Hoje talvez fosse jornalista, mas acho que não...

Sente-se em casa em Lisboa ou no Porto?

Em Lisboa, apesar de gostar imenso do Porto. Vivia na Foz, conhecida pela zona dos betinhos, e frequentava o Balleteatro, onde havia outro tipo de pessoas, e sentia que não pertencia a lado nenhum. Nesse sentido, vir para Lisboa foi uma libertação. Mas tenho um espírito nómada, sinto que não estou em lado nenhum para sempre.

Mas nunca teve sotaque do Porto…

Tinha, mas foi-se num ápice. Se estiver no Porto com os meus amigos ou os meus pais, ele vem logo. Na altura, havia a pressão para não ter sotaque até porque a minha personagem [nos Morangos] era de Cascais.

SEXTA-FEIRA, 18 11H03 Bom dia! Onde a apanhei?

Estou no Campo Pequeno, a sair do osteopata. Tenho uma escoliose e nas alturas dos espetáculos fico muito tensa na zona da cervical e tenho de vir aqui fazer uns ajustes.

Ontem, viu o jogo de preparação da Seleção [Portugal-Nigéria]?

Por acaso, vimos em família. Mas sinto um sabor agridoce por este Mundial ser no Qatar. Faz-me confusão irmos todos para um país onde não se respeitam os direitos humanos, como se nada fosse.

Como foi viver em Nova Iorque?

Eu e a Daniela Ruah fomos à aventura e nem nos conhecíamos bem. Fui para lá estudar em 2007 e achei que ia por um ano, só para ver o que dava, mas foi superdivertido, tudo o que uma pessoa de 20 e poucos anos merece. Em 2009, voltei a Portugal para fazer uma série e quando regressei a Nova Iorque a Daniela já vivia em Los Angeles, e aí a minha aventura passou a ser a solo até 2015.

Porque decidiu ir quando a sua carreira já estava lançada?

Faz-me confusão irmos todos para um país [Qatar] onde não se respeitam os direitos humanos, como se nada fosse

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2022-11-24T08:00:00.0000000Z

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