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O silêncio repete-se

Nuno Tiago Pinto

No auge da pandemia, saltaram para as primeiras páginas dos jornais as condições deploráveis em que viviam trabalhadores hindustânicos em Odemira. Seguiram-se as promessas de maior controlo, anunciou-se a construção de alojamentos condignos e fizeram-se proclamações públicas contra tamanha indignidade. Já este ano, em Beja, centenas de timorenses foram deixados ao abandono depois de aliciados para Portugal com promessas de trabalho que não se concretizaram. Mais uma vez, houve repúdios imediatos. Mas poucas medidas.

O PROBLEMA É QUE SE SEGUE O SILÊNCIO E A INOPERÂNCIA. ATÉ AO ESCÂNDALO SEGUINTE

O tema voltou à agenda esta semana com a operação da Polícia Judiciária (PJ) que desmantelou uma rede de tráfico de seres humanos que, no Alentejo, explorava cerca de 200 pessoas, mantinha 70 delas num mesmo alojamento e pagava, a algumas, entre 5 a 10 euros por semana. Há anos que as várias associações de apoio aos imigrantes denunciam a existência em Portugal deste trabalho escravo e alertam para o que acontece nas alturas de menor emprego agrícola: os imigrantes acabam a deambular pelas ruas. Os avisos sucedem-se. Tal como a indignação momentânea após cada operação policial – antes do SEF, agora da PJ. O problema é que se segue o silêncio e a inoperância. Até ao escândalo seguinte.n

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2022-11-25T08:00:00.0000000Z

2022-11-25T08:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/281968906695208

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