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Séries

Com resultados fracos no cinema e muitos projetos para televisão cancelados, as adaptações de jogos jamais correram bem. Contudo, o panorama tem mudado: acaba de estrear Halo e vêm aí outras.

Por André Santos

Halo e outros videojogos que deram o salto para o streaming

certo ceticismo no início dos anos 80, os 90 foram vividos em euforia para quem se apercebia que os videojogos eram mesmo um novo segmento de entretenimento, com uma audiência apetecível. Criaram-se rivalidades entre consolas (primeiro a Mega Drive contra a Super Nintendo, depois a PlayStation contra a Sega Saturn), inventaram-se mascotes e, claro, fizeram-se filmes. A estreia mais badalada foi a de Super Mario Bros. (1993), mas a adaptação foi péssima: em abril de 2023 chegará uma versão em animação para a redimir. Seguiram-se adaptações inspiradas em jogos de luta – de Double Dragon (1994) a Street Fighter (1994) ou Mortal Kombat (1995), era tudo fraco. No universo das adaptações desse tempo, só mesmo a série de animação inspirada em Pokemon realmente se safava. Quase três décadas depois, este panorama parece estar a mudar e os responsáveis são as produtoras de televisão.

Há poucas semanas surgiu um novo serviço de streaming em Portugal, o SkyShowtime, com um preço competitivo (€2,49 até 6 de dezembro, ou €4,99 depois), reunindo os catálogos da Showtime, Peacock, Paramount+ e Sky, entre outros. Uma das suas séries-bandeira? Halo (que estreou no Paramount+ no início deste ano nos Estados Unidos), a muito esperada adaptação do universo de Master Chief, figura de proa da Microsoft. Com uma segunda temporada já prometida, a série consegue ser um bom compromisso entre a ação do videojogo e o modo como o seu imaginário pode funcionar de outra forma: o formato, em episódios, permite que mundos como os de Halo possam crescer para lá do que já existe.

Há semanas surgiu em Portugal um novo serviço de streaming, o SkyShowtime. Uma das suas séries-bandeira é Halo, cujo herói é um soldado durão: Master Chief

O REGRESSO À MANSÃO MALDITA

Resident Evil já foi alvo de várias adaptações, mas nenhuma cumpre tão bem a ideia como a série homónima que a Netflix estreou em julho: despegou-se do formato videojogo (muito presente nos filmes) e criou uma história inspirada no universo, com velhas e novas persona

gens, metidas num jogo entre presente e passado. Embora exista uma ligação, as dinâmicas entre um tempo e outro são diferentes e deram ao franchise a adaptação merecida.

De resto, a Netflix tem tido uma posição dominante nestas adaptações. Desde 2017 que tem marcado uma presença forte, tanto na animação como nas séries live action. Castlevania, inspirada no universo dos jogos da Konami, foi uma porta de entrada do serviço de streaming para dois mundos: reforçar a sua posição na produção própria de anime e ver como correria a adaptação de um universo tão querido. A resposta foi positiva em ambos.

O “peso pesado” surgiu no fim de 2019, com a adaptação de The Witcher, que tecnicamente é uma adaptação dos livros de Andrzej Sapkowski. Contudo, foram os videojogos que popularizaram a história na última década. Tem corrido bem: já estrearam duas temporadas, outras duas chegarão até 2024 e

Se a década de 2010 foi a dos super-heróis no cinema, a atual parece ser a das (boas) adaptações de videojogos para televisão. Está tudo bem encaminhado

pelo meio, já no próximo dia de Natal, haverá um spin-off: The Witcher: Blood Origin. Já Arcane, inspirada no universo de

League Of Legends, foi um sucesso tremendo no fim do ano passado. Graças ao seu look steampunk, conquistou diversas audiências pelo mundo fora, batendo recordes de visualização na semana de estreia.

Fora da Netflix, The Legend of Vox Machina (Prime Video) foi uma boa aposta da Amazon. Criada pela Critical Role, começou como uma web serie

com atores de dobragem a jogar Dungeons & Dragons.O

sucesso da primeira campanha,

Vox Machina (estreada em 2015), foi universal, o formato tem crescido e a passagem para série de televisão – em animação – foi natural – e, já que falamos em Dungeons & Dragons, em 2023 estreará uma nova tentativa de adaptar o seu universo ao cinema.

SE CORMAC MCCARTHY FOSSE UM VIDEOJOGO

Até agora não mencionámos a HBO, cuja grande aposta na área estreia em Portugal no início do próximo ano, a 16 de janeiro: The Last Of Us. Universo nascido na PlayStation, é uma espécie de A Estrada – caso o romance de Cormac McCarthy pudesse ser jogado. Retrata um mundo pós-apocalíptico centrado num quarentão, Joel (Pedro Pascal) e numa miúda adolescente, Ellie (Bella Ramsey). Não são pai e filha, mas sobreviventes num mundo tomado por um vírus que transformou os humanos em canibais e têm de reinventar as regras de comunidade. Se a narrativa funcionar, The Last Of Us tem todos os ingredientes para ser um dos maiores sucessos de 2023.

Mas terá muita concorrência: a partir do próximo ano chegarão muitas outras séries inspiradas em videojogos – de Horizon Zero Dawn e Assassin’s Creed na Netflix a God Of War, Mass Effect e Fallout na Prime Video. Se os anos 2010 foram os dos super-heróis da Marvel e da DC no cinema, a presente década pode vir a ser a dos heróis dos videojogos na televisão. Está tudo bem encaminhado. ●

Sumário

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2022-11-24T08:00:00.0000000Z

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