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Matthew Perry, o ator da série Friends, revelou em livro como o álcool e os opioides quase o mataram.

Por Susana Lúcio

A vida de excessos do ator de Friends contada em livro

Nove milhões de euros, seis mil reuniões dos Alcoólicos Anónimos e 65 tentativas de desintoxicação. Estes são os números que resumem a guerra travada por Matthew Perry contra o álcool e os opioides durante mais de 25 anos e que o deixaram quase irreconhecível. O ator, mundialmente conhecido por ter protagonizado Chandler Bing, o amigo cómico do grupo de Friends, escreveu uma autobiografia em que revela os bastidores de uma das sitcoms mais vistas de sempre. Friends, Lovers and the Big Terrible Thing (amigos, amantes e a coisa grande e terrível) foi lançado no início deste mês.

No livro conta que descobriu que todos os colegas sabiam que ele era alcoólico quando Jennifer Aniston foi até à sua rulote perguntar-lhe “de forma estranha, mas ternurenta” se tinha voltado a beber. “Nós conseguimos cheirá-lo”, explicou a atriz, que fazia de Rachel. Quando gravou o episódio em que Chandler se casa com Monica (Courteney Cox), o ator estava internado num centro de reabilitação e foi conduzido de volta assim que terminaram as gravações.

FICOU VICIADO EM OPIOIDES DEPOIS DE SE TER MAGOADO NAS FILMAGENS DE UMA COMÉDIA ROMÂNTICA

55 comprimidos por dia

Em 1997, quando se magoou a filmar a comédia romântica Só os Tolos se Apaixonam, ficou viciado no opioide que lhe prescreveram para a dor. Chegou a tomar 55 comprimidos por dia, que obtinha de oito médicos diferentes. “Era cansativo mas tinha de o fazer senão ficava muito, muito doente. Só queria sentar-me no sofá, tomar cinco Vicodin e ver um filme. Isso era o paraíso para mim”, disse ao New York Times.

A dependência quase o matou.

Em 2018, aos 49 anos, ficou em coma durante 14 dias depois de ter sofrido uma rutura no intestino, devido a obstipação crónica, provocada pelo uso contínuo de opioides. “Foi quase poético”, escreve. “Estava tão cheio de tretas que quase morri.”

O tom sarcástico, marca registada de Chandler Bing, foi desenvolvido durante a adolescência quando percebeu que os colegas lhe achavam piada. Foi por essa altura, aos 14 anos, que começou a beber cerveja e passou para a vodca. Escreve que o ajudava a adormecer o sentimento de nunca se ter sentido integrado na sua própria família, dividido entre a mãe, com quem vivia no Canadá, e o pai, ator, que vivia em Los Angeles e que visitava viajando sozinho de avião desde os 5 anos de idade.

Depois do coma, seguiram-se cinco meses hospitalizado e nove meses com um saco coletor que substitui o intestino. Quando recebeu alta começou a escrever os episódios da sua vida.

Aos 53 anos, está sóbrio há apenas 18 meses e tem ajudado outros a lutar contra o vício. Mas a realidade destes anos é difícil de admitir. É que apesar de ter realizado os seus sonhos de ser famoso, está agora “sentado numa casa enorme, com vista para o oceano, sem ninguém para a partilhar, à exceção do companheiro de sobriedade, uma enfermeira e um jardineiro, duas vezes por semana”. ●

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2022-11-24T08:00:00.0000000Z

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